Tinha uma árvore no meio do caminho, bem ali, no cruzamento da Barão de Itamaracá com Conselheiro Portela. Tinha também três jovens, com seus vinte e poucos anos. Tinha uma quase praça, quase no meio da rua, perto da Igreja do Espinheiro, com certeza.
Mas isso não tem nada a ver com igreja, santo e missa. Tem a ver com esses três meninos, Ráian Andrade, 28, e os irmãos Tulio e Thiago Couceiro, de 26 e 23 anos, respectivamente. Eles são os idealizadores do Gamelera Storm.

Tudo começou no último 4 de fevereiro, num desses sábados pré-carnavalescos, de uma forma bem simples e natural. “A gente queria tomar uma e achava legal aquele lugar para isso”, diz Ráian, que é designer, assim como Thiago e Tulio, e mora no Derby.
O lugar a que ele se refere é um triângulo de concreto que tem, como única razão de existir, o fato de ser endereço de uma planta centenária, uma gameleira tombada pela prefeitura em 1988 – ela própria, um resistente exemplar da espécie que, por obra e graça de alguns defensores, acabou sendo preservada, apesar de ficar, literalmente, no meio da rua. Mas isso é outra história.
Música e cooler cheio
Nesse primeiro dia, desceram os três (Thiago e Túlio moram ali perto, na Rua da Angustura), com um cooler cheio de cerveja, um som, umas cadeiras e a sombra preciosa da gameleira, que perdeu o “i” e ganhou um “storm” , tempestade em inglês, quando o trio percebeu, naquele mesmo sábado, que podia fazer aquilo eventualmente.
“Uma galera viu, passando de carro, e quis ficar também”, lembra Ráian. A playlist do dia era toda de house dos anos 2000. O estilo musical do encontro fora definido ali e também o nome do evento, já que a lista de músicas era identificada com a palavra “Storm”. Para juntar o house à árvore foi um pulo e, desde então, é Gamelera Storm. (Ouça uma das seleções musicais, clicando no play.)
De lá para cá, foram seis encontros, mais gente se juntando para o “dolce far niente” dos sábados à tarde. Criaram um Instagram para avisarem aos amigos quando a árvore viraria um bar comunitário, daqueles em que cada um traz sua cerveja.
Os petiscos, eles compram no bar da frente, o Armazém Centenário. O garçom é amigo e atravessa a rua para servi-los. Não há concorrência justamente por causa disso. A cerveja sempre acaba e eles, e quem mais estiver por lá, pedem mais no Centenário, para continuar a diversão. “O gerente já conhece a gente”, diz Ráian, rindo.
Para saber quando vai ter tais encontros regados à música e cerveja, tem que seguir o o @gamelera_storm no Instagram. “A gente faz assim pra avisar”, fala, mostrando o post na rede social.
“Aí, no dia, o pessoal manda direct perguntando se tá rolando mesmo, se pode chegar, o que precisa levar etc.”, explica Ráian.
Para este sábado, está programado o Gamelera na Fogueira. “Por causa do São João”, ri Ráian. Mas não espere fogo queimando em troncos. “Vai ser o mesmo esquema de sempre, descer com o cooler pra tomar uma, embaixo duma sombrinha, olhando o movimento”.
Serviço:
Gamelera na Fogueira
Quando: sábado, 17, às 14h
Onde: na pracinha da gameleira, na Rua Conselheiro Portela, em frente ao bar Armazém Centenário.
Entrada gratuita, mas precisa levar a cerveja que for consumir.
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