Filho da líder comunitária Jussara Santos, Hamon Dennovan cresceu tendo orgulho de morar no Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife. Era uma época em que as bandas Matalanamão e Devotos fortaleciam o nome do bairro na mídia e na música. “Havia uma cena cultural e política muito forte”, lembra Hamon, 30 anos.
Mas as coisas começaram a mudar no Alto. “De uns dez anos pra cá, a situação piorou muito. Desemprego, violência, falta de educação…isso fez com que muitos moradores perdessem aquele orgulho que tinham de morar aqui”, diz Hamon.
Para tentar mudar um pouco esse cenário, há três anos ele e dois amigos de infância, empresários no bairro, criaram o Alto Sustentável, um projeto voltado para o cuidado com o meio ambiente e a inclusão social.
“Eu pensei: como eu, sendo biólogo, posso ajudar o Alto? Pensei então em tentar melhorar a relação com o lixo que os moradores daqui têm. A prefeitura tem que fazer sua parte, claro, mas a população também tem que ajudar. A gente vê que muita gente melhora um pouquinho de vida, compra uma televisão nova e joga a velha na rua. Muitos móveis velhos, pneus, são colocados em qualquer lugar”, conta Hamon.

Para melhorar essa situação, o Alto Sustentável trabalha em várias frentes. Uma delas é a educação ambiental, tentando conscientizar os moradores e frequentadores do bairro a descartar o lixo da forma correta. Um dos problemas nesta área é que o local não tem coleta seletiva para reciclagem, nem Ecoponto. Uma das lutas da organização é conseguir esses dois serviços para a comunidade.
Outra área importante de atuação do Alto Sustentável são os mutirões de reciclagem, que envolvem crianças, adolescentes e adultos. Os encontros, marcados pelo grupo de WhatsApp que tem mais de 150 pessoas, contam também com oficinas de grafite, de reciclagem e e serviços para a população, como corte de cabelos, promovidos por antigos moradores do bairro.
Quem quiser conhecer ou ajudar o projeto, pode entrar em contato pela página do Facebook do Alto Sustentável.