Ao longo de sua história, a cidade do Recife conviveu com várias levas de migração e a presença destes imigrantes ajudou a construir a história da nossa cidade e consequentemente dos nossos bairros. Na Zona Norte do Recife, os bairros vizinhos de Casa Forte, Poço da Panela e Apipucos foram bastante marcados pela presença de estrangeiros.
Muitos deles, a maioria ingleses e germânicos, preferiram morar neste trecho da cidade por causa do contato com a natureza, da paisagem peculiar e dos hábitos rurais, com transporte fácil para o centro, ao invés de viver nos sobrados.
8 provas de construções ‘Casa-Grande & Senzala’ presentes na Casa Forte moderna
A maioria deles eram funcionários de companhias de serviço público, como saneamento, transporte coletivo, abastecimento d’água, o que facilitou a chegada deste serviços por aqui.
Não é por acaso que a primeira companhia de transportes públicos do Recife surgiu no bairro de Apipucos, graças ao inglês Thomas Sayle, em 1841, como já contamos PorAqui.

Viajantes
Antes disso, outro inglês que contribui para a construção da nossa história foi o viajante Henry Foster, frequentador assíduo do Poço da Panela no início do século 19.
Ele registrou que, por volta de 1809, o Poço era um lugar onde “dança-se, faz-se música, joga-se prendas, janta-se com algum comerciante inglês, cujo reduzido número abandonou igualmente a cidade e reside nas circunvizinhanças.”
Foi Foster que registrou, inclusive, a mais antiga notícia da presença de um piano em terras pernambucanas, em 1810, durante a novena de Nossa Senhora da Saúde, no Poço da Panela.

Outro viajante que se encantou com o nosso bairro foi o francês Louis François de Tollenare. Em seu diário de viagem, ele diz que era “raro encontrar margens mais risonhas do que as do Capibaribe quando se o sobe em canoas até o povoado do Poço da Panela.”
A partir de 1920, a presença alemã no bairro de Casa Forte foi impulsionada pela construção do Deutscher Klub Pernambuco, o Clube Alemão, que fica no final da Estrada do Encanamento, em Parnamirim. Até hoje, é um dos espaços onde os germânicos compartilham sua cultura e tradições.

Nos anos 1940, a imigração foi ainda maior por conta da 2ª Guerra Mundial. A moradora Lúcia da Costa Lima, filha de Dona Ceminha, professora que educou gerações no bairro, lembra que, nesta época, “vários ingleses e alemães resolviam abrir negócios por aqui, principalmente padarias, porque se encantavam com o clima do bairro”, que era mais friozinho em relação aos demais por causa da localização rural.