Até domingo (5), vamos mostrar quatro experiências de mobilidade a caminho das escolas particulares no bairro das Graças. A nossa minissérie começou ontem (quinta,2) – confira aqui a experiência de mãe e filha que resolveram deixar o carro em casa e, em meio ao trânsito travado, seguir a pé.
O PorAqui conversou com a arquiteta e urbanista Clarissa Duarte, professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Para levar os filhos para a escola, ela e o marido optaram pela bicicleta.
Clarissa, Aluizio, Helena e Vicente
Toda manhã, o marido de Clarissa Duarte, Aluizio Câmara, pega a bicicleta, coloca Vicente, de 8 anos, na cadeirinha e Helena, 4, na garupa. Eles seguem rumo à escola dos pequenos, o Instituto Capibaribe. Clarissa vai sozinha na bicicleta, acompanhando o trio. Diz que não tem coragem de levar os meninos com ela, pois o trânsito não inspira muita confiança.
Precisam de, no máximo, cinco minutos para percorrer o trajeto da Av. Rui Barbosa até a Rua das Graças, onde as crianças estudam. A família encontrou na bicicleta uma forma de chegar mais rápido à escola. “As crianças adoram”, diz ela.
O casal vendeu o carro no ano passado e agora utiliza, como meio de transporte, além da bike, táxi, Uber e ônibus, além de longas caminhadas a pé.
“No mundo todo, há uma tendência de retorno à escala local. Porque a metropolização exacerbada e o uso abusivo do carro acabaram inviabilizando as cidades, que se tornaram insustentáveis”, pontua Clarissa, que tem mestrado em planejamento e dinâmica das cidades pela Sorbonne (França).
Na França, por exemplo, os pais são obrigados por lei a matricular seus filhos em escolas perto de onde moram. Segundo a recifense, em países desenvolvidos as pessoas optam por estar perto do trabalho e do colégio dos filhos, como também divertir-se nos arredores de casa.
“É uma forma de garantir a qualidade de vida”, diz. “No Brasil e no Recife, isso acabou acontecendo de maneira compulsória por conta do caos da mobilidade”, diz. Para Clarissa, o planejamento das cidades precisa, urgentemente, levar em conta o bem-estar das famílias. “Escolher uma escola perto de casa já é uma forma de sair desse caos”, diz.
VEJA TAMBÉM: A caminho da escola, mãe e filha desistem do carro para seguir a pé
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