Eu gosto de Buda. Também gosto do parônimo, mas isso não vem ao caso neste momento. Lembrei-me do homem outrora conhecido por Siddhartha Gautama porque os tempos estão estranhos. Uns chamam de polarização, outros de fla-flu ideológico e eu falta do que fazer.
Buda falava no caminho do meio: a escolha da moderação e do não-extremismo como rota para chegarmos à iluminação. Nas redes sociais, as pessoas mandam a gente tomar no meio do caminho. Não sei aonde eles querem que a gente chegue, mas desconfio.
Como todo mundo que usa rede social, eu gosto de aparecer. Nem sempre pelos motivos mais nobres, reconheço. Temos necessidade de nos sentirmos especiais e incomuns, mas a verdade é que se a gente for médio, está de bom tamanho.
Lembra na escola? Ficar na média era lucro em comparação com as provas finais e recuperação. Até reprovar de ano eu reprovei, então, tenho certeza que a média é boa, embora ela não faça tanto sucesso. No colégio, destacavam-se os CDFs e os bagunceiros. Todo o resto era uma enorme massa de “a gente”. Coisa engraçada isso se repetir na vida adulta.
Mas o que eu queria dizer no começo e no meio do texto era o seguinte: no meio da zoada, quem não grita perde a vez.
Tem mais uma última coisa: quem vive gritando, um dia, perde a voz.
Cheiro na cabeça!
Daniel Barros é recifense, formado em Letras pela UFPE. Atualmente mora no Derby, mas é cria da CDU. Come e bebe em demasia. Já tomou muita cerveja no Mercado da Encruzilhada. Nos intervalos, anda de ônibus. Nesta vida, veio a passeio, mas ficou preso em Abreu e Lima. É conteudista colaborador do PorAqui para desperdiçar seu tempo.
Os conteúdos publicados no PorAqui são de autoria de colaboradores eventuais e fixos e não refletem as ideias ou opiniões do PorAqui. Somos uma rede que visa mostrar a pluralidade de bairros, histórias e pessoas.